O que nos espera no futuro em termos de modernização do concreto que conhecemos atualmente? Armadura têxtil, auto-regeneração e alto desempenho são algumas qualidades já conhecidas em diversas partes do mundo.
Os concretos especiais do futuro – e presente foram tema do Seminário do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) durante o Concrete Show 2022.
Para falar sobre o assunto, a organização do evento convidou o especialista Bernardo Fonseca Tutikian, Professor e Pesquisador da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos/RS) e Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRACON.
Veja como foi abaixo!
Concreto têxtil
As características e funcionalidades do concreto têxtil foram as primeiras a ser apresentadas pelo palestrante. Este é um material que, segundo Tutikian, vem sendo muito utilizado em países de temperaturas mais frias.
“Vamos começar com o concreto têxtil. Em países frios a gente vai ter muita corrosão na armadura porque o pessoal usa o sal, muitas vezes, para degelar estradas, pontes e viadutos”, explicou o especialista.
Ele prosseguiu: “A durabilidade desses elementos passa a ser muito baixa, então o concreto têxtil, concreto que basicamente substitui a armadura por um têxtil.”
Citando exemplos, Tutikian destacou a Alemanha como um dos países precursores quando o assunto é o uso do concreto têxtil.
“Na Alemanha aprovaram uma lei agora há pouco em que até 2024 está proibido o governo de fazer obra pública em concreto armado metálico por causa da corrosão, da [baixa] durabilidade”, destacou o painelista.
De acordo com o representante da IBRACON, a saída, então, é usar concretos armados com materiais não-metálicos.
“O concreto têxtil está crescendo muito, o uso das barras poliméricas está crescendo muito na Alemanha, vai continuar crescendo e vai chegando ao Brasil aos poucos”, observou.
Concreto auto-regenerante
Outra modalidade apresentada por Tutikian foi o concreto auto-regenerante, também conhecido como Self Healing Concrete (SHC).
“Basicamente é um concreto que se auto cicatriza, se auto-regenera, como acontece no corpo humano. Se eu cortar a minha pele por algum motivo, ela se auto-cicatriza, mas igual ao corpo humano, não adianta eu passar uma faca e querer que eu me auto-regenere”, diz.
Ele prossegue na comparação sobre o funcionamento do concreto, comentando que “grandes fissuras também não vão se auto regenerar e nem problemas estruturais”.
Ainda segundo Tutikian, este tipo de concreto: “[Serve] para pequenas fissuras, retração, vida útil, etc. Ele vai se auto regenerando e mantendo a durabilidade do material, da estrutura, sem intervenção.”
Concreto de ultra alto desempenho
Para finalizar o Seminário do IBRACON na Concrete Show 2022, Tutikian apresentou o concreto de ultra alto desempenho, também chamado de Ultra High Performance Concrete (UHPC) no termo original em inglês.
Segundo o especialista, o material “é um concreto extremamente fluido que se auto compacta através do seu próprio peso com fibras curtas”.
De acordo com o painelista, para fazer o concreto de ultra alto desempenho são usados materiais disponíveis comercialmente, sem nenhuma nova tecnologia integrada.
“Antigamente era chamado de CPR (Concreto de Pós Reativos). Hoje em dia já é chamado de UHPC, mas nós estamos falando basicamente do mesmo material”, analisa.
Ainda de acordo com o painelista, este tipo de concreto possui propriedades de uma estrutura metálica, chegando, inclusive, a ser comparado com o aço. Ele se aprofunda:
“Ele apresenta elevada fluidez, durabilidade e resistência mecânica. Eu faço um elemento com esse concreto aqui e nunca mais vai ter manutenção”, diz.
O concreto de ultra alto desempenho é formado a partir de uma mistura do concreto de alto desempenho, do concreto reforçado com fibra e do concreto autoadensável. Segundo Tutikian, este é “talvez o concreto mais eficiente que nós tenhamos hoje em dia”.
Se você ficou interessado em saber mais sobre este assunto de grande importância, compre o acesso à palestra na íntegra, assim como todos os outros painéis do Concrete Show 2022!