Recentemente realizada no SP Expo, em São Paulo, a 14ª edição do Concrete Show trouxe muito networking, novidades tecnológicas e uma série de conteúdos exclusivos dedicados à toda a cadeia do setor construtivo.
Uma das muitas apresentações que fizeram parte do evento foi ministrada por Rafaela Sebben Eckhardt, consultora técnica da Penetron, que falou aos participantes sobre a proteção e impermeabilização com sistema autocicatrizante.
A especialista nos concedeu uma entrevista onde deu mais detalhes sobre este tema tão relevante que foi abordado em sua palestra. Confira mais a seguir!
O que é um sistema autocicatrizante e como ele funciona na proteção e impermeabilização de estruturas de concreto?
Rafaela Sebben Eckhardt: “É um sistema que utiliza a estrutura como elemento de estanqueidade com um conjunto de materiais que tratam o concreto e suas interferências (juntas, tubulações, falhas, etc) visando sua impermeabilidade e consequentemente o aumento da sua durabilidade pois impedem a entrada de água e contaminantes pelos poros, vazios e fissuras do concreto.
O sistema autocicatrizante, constituído do aditivo ou pintura autocicatrizante, perfis hidroexpansivos, argamassa de reparo autocicatrizante e grout autocicatrizante, utilizado em uma estrutura executada de acordo com as boas práticas da engenharia, gera uma estrutura estanque, que apresentará um aumento de 60 anos na sua vida útil, pois não sofrerá os ataques físicos, químicos e biológicos do concreto convencional.
Quais são os principais desafios enfrentados pelas estruturas de concreto em termos de durabilidade?
Rafaela Sebben Eckhardt: “A durabilidade está vinculada com o concreto manter as suas características mesmo após exposto ao ambiente, e para isso, deve apresentar características que suportem seu ambiente de exposição, que muitas vezes pode ser agressivo pelo ataque de cloretos, sulfatos, carbonatação, que, com a umidade, penetram no concreto e causam sua deterioração precoce, reduzindo sua vida útil.
Desde a concepção, como no desenvolvimento do traço, passando pela execução, com o adensamento, cobrimento e cura, até o uso da estrutura, o concreto pode ter sua durabilidade reduzida.”
Quais são os benefícios específicos da utilização de sistemas autocicatrizantes na preservação da durabilidade das estruturas de concreto?
Rafaela Sebben Eckhardt: “A fissura é um dos principais vilões de deterioração do concreto, pois gera um caminho de entrada fácil para os contaminantes, acelerando o processo de deterioração.
Neste cenário, a autocicatrização se faz necessária para proteger a estrutura, selando a fissura para bloquear a entrada de agentes agressivos e recuperar as características mecânicas.
Além disso, a redução da permeabilidade da estrutura gerada pelo uso do aditivo, impede a entrada dos agentes agressivos pelos poros e capilares.”
Quais são os mecanismos por trás da autocicatrização e como eles ajudam a reparar fissuras e danos nas estruturas de concreto?
Rafaela Sebben Eckhardt: “As fissuras são seladas pela formação cristalina que ocorre entre os compostos ativos do Penetron Admix e do Penetron, com a água e os compostos de hidratação do cimento.
Esta reação química inicia-se quando a estrutura tratada é colocada em carga d’água e pode perdurar por até 28 dias em contato eminente, completando o ciclo da formação dos cristais fixos insolúveis.
Em fissuras o processo ocorre da mesma forma, porém a formação cristalina é iniciada após a abertura da fissura, seguindo até o final do ciclo da formação dos cristais.”
Quais são os estudos de caso ou exemplos reais de projetos de construção que utilizaram com sucesso sistemas autocicatrizantes para melhorar a durabilidade das estruturas de concreto?
Rafaela Sebben Eckhardt: “A solução de autocicatrização é utilizada em diversos tipos de estrutura, como no setor de infraestrutura em pontes, túneis, saneamento, portos, energia, aeroportos, etc. Neste setor podemos citar as obras: Ponte da Integração, 3ª Ponte Brasil/Paraguai; Metrô de São Paulo – linha 4; ETE Barueri, em São Paulo; Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, em Porto Velho/RO; Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis/SC;
No setor industrial temos atuação também no tratamento de efluentes industriais, pisos suscetíveis a ataque químico, câmaras frias sujeitas a ataque de condensação e congelamento, estruturas enterradas, etc. Neste setor podemos citar as obras: Klabin, em Ortigueira/PR; Raízen, em Guariba/SP;
Já no setor imobiliário o sistema é aplicado nas fundações, subsolos (laje, cortina e poço de elevador), piscinas, reservatórios de água (incluindo água potável), ETE’s, concreto aparente, lajes externas, etc. Neste setor podemos citar as obras: Vitra, em Jurerê/SC; Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro; Soul Housing & Shopping, em Brasília/DF.”
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