Durante o “16º Seminário de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho”, que aconteceu durante o Concrete Show 2024, o painel “Projeto para Piso de Concreto” apresentou ao público quais são os cuidados e precauções que devem ser tomadas para obter a concretagem de qualidade do piso em qualquer obra.

Enquanto Milton Carvalho Júnior, diretor de comunicação e marketing da ANAPRE (Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho), mediou todo o seminário, Wagner Gasparetto, presidente da ANAPRE e diretor-presidente da LPE Engenharia, empresa com 20 anos no mercado com 100 milhões de m² de piso instalados, dissertou seus conhecimentos ao público da palestra.

Gasparetto enfatizou a importância de um planejamento cuidadoso desde o início da obra. “Quanto mais cedo o projetista, a concreteira e o executor de piso entrarem na obra – e não estou falando de 15 dias, são 90 dias -, melhor. Um ensaio de retração não é feito em menos de 60 dias. E se der ruim e não tem mais chance de obra? Se entrar com 15 dias na obra, a chance de conseguir aferir diminui… eu perco essa oportunidade”, afirmou. O especialistas, além disso, destacou que o projeto de piso deve ser detalhado, contendo informações técnicas e notas específicas para garantir o controle de qualidade em campo.

Cargas que o piso precisa suportar, fissuras e solo

Um tema abordado foi os diferentes tipos cargas que o piso deve suportar, como cargas uniformemente distribuídas, cargas concentradas (ex: pallets) e cargas móveis (ex: empilhadeiras). Além disso, foi ressaltada a importância da estrutura do piso, que inclui o subleito, a sub base e o próprio piso de concreto, sendo necessário homogeneizar o apoio da placa de concreto e aumentar a capacidade de suporte do terreno.

A questão das juntas também foi amplamente discutida. Segundo Wagner, as juntas desempenham papéis essenciais, como aliviar tensões de retração e evitar fissuras que possam comprometer a estrutura. “Quando vamos fazer uma obra, precisamos pensar que a placa vai empenar. E se a gente tiver uma placa de concreto com vazão de 0,5 cm embaixo, prejudica. Se vou ter uma obra com 40 eixos e vou colocar 20 e os outros 20 vou fazer apenas daqui 15 ou 20 dias, preciso me preocupar com empenamento. Qualquer concretagem que tenha um tempo mínimo de sete dias, preciso me preocupar. Porque começa a perder a cura através de água por sua superfície”, explicou o especialista, que também reforçou a necessidade de um projeto executivo de pavimento de concreto para evitar problemas como o empenamento das placas.

As fissuras, aliás, foram lembradas pelo profissional. Gasparetto, entretanto, destacou que, embora não sejam desejáveis, não significam o fim da estrutura: “Fissura não é a morte do pavimento. As motivações para a ocorrência de uma são inúmeras e seria uma dádiva não ter nenhuma fissura. Entretanto, temos que fazer todo planejamento para mitigar os riscos. O que não pode ter são fissuras que comprometam a estrutura”.

Apesar disso, lembrou que muitas obras não podem ter nem mesmo as fissuras “inofensivas”, visto que, quando visíveis, podem prejudicar o cliente, especialmente se for algum tipo de comércio. Para isso, o indicado é citar a questão estética no contrato, especialmente pelo fato de uma estrutura de concreto ter como foco a segurança de toda a obra. Então, ao firmarem no contrato a importância da estética do piso, a contratada também irá prezar pela parte visual, enquanto o cliente pode se resguardar de eventuais danos. 

O solo é um dos principais fatores para a qualidade do piso, conforme destacou Wagner: “Quando buscamos piso de qualidade, precisamos começar a pensar no solo. Através do primeiro reconhecimento do terreno, temos condição de saber se aquele solo tem capacidade de carga desejado pelo cliente e quais procedimentos precisamos para não ter insucesso”. A partir do reconhecimento do terreno, então, é possível identificar os desafios que podem comprometer a estrutura da obra.

Conclusões e tendências

Desta forma, o projeto de piso se resume em obter todas essas informações para, somente depois de ter todos os dados em mãos, poder concluí-lo. Precisa também das informações relevantes para fazer um projeto de solo de sucesso. Concisamente, o projeto de piso tem que ser rico em informações em notas e em numeral técnico com todos os itens de controle, porque através desses dados é possível controlar a qualidade em campo.

Por fim, Gasparetto sugeriu o uso da modelagem BIM como uma solução eficaz para integrar os projetos de engenharia e arquitetura, facilitando a gestão do projeto por áreas e garantindo que as informações necessárias estejam sempre à disposição. Desta forma é possível fazer resumos quantitativos por ambiente, facilitando trabalhar por área e podendo deixar de lado as demais informações da obra completa, trabalhando apenas com o setor da obra que está em pauta no momento.

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