Também sobre o UHPC (Ultra High Performance Concrete), o painel “Processos para a Normalização do UHPC no Brasil” debateu a regulação dessa tecnologia em nosso país, visto que, assim como acontece em diversos outros territórios, ainda estamos engatinhando nesse tema. Renata Monte, professora na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP), abrangeu no Concrete Show 2024 diversos pontos que precisam ser levados em consideração para que o cimento possa ser aplicado nas obras nacionais com eficiência e segurança.
“Antes de 2021 não tinha norma de concreto reforçado por fibras. Hoje está se popularizando mais, ficando mais fácil para realizar os ensaios”, explicou Renata.
Foi em 2023, contudo, que houve as normas de instalação para a utilização de UHPC no Brasil, usando como base os comitês técnicos do IBRACON. A atual medida técnica, chamada de GT5, está trabalhando na normatização do Ultra High Performance Concrete, baseadas nas diretrizes da França, país que está bastante avançado quando se fala dessa evolução do concreto. Outros países que inspiram a normatização do UHPC no Brasil são Suíça, Japão, EUA e Canadá.
Validação nacional
Ainda em fase de desenvolvimento, o GT5 tem discutido três textos: um sobre classificação, requisito e especificação, outro de ensaios e um último sobre testes de validação. “A parte de consistência precisa ser auto-adensável e, como tem fibras, precisa ser o menor manuseável possível ou ficar em cima de uma mesa vibrante”, disse Renata, sobre algumas das conclusões até o momento.
Além disso, ainda precisa ser realizada a avaliação do direcionamento das fibras, por causa da reduzida espessura do UHTC, que dificulta sua dosagem e empacotamento. Questões como a orientação da aplicação e minoração também estão em pauta, em uma aproximação do que seria um ensaio de um moldado usado em obras reais.
De todos esses tópicos, um chama mais atenção: os testes da validação de dosagem e de produção. O teste de validação de dosagem consiste em verificar se a dosagem do Ultra High Performance Concrete satisfaz as especificações do projeto. No caso de uma mistura industrializada, o responsável técnico pela produção, com aval do projetista, pode utilizar a ficha de avaliação de produto para dosagem. Desta forma, a avaliação é responsável pela definição da dosagem nominal e a robustez e, se tiver variações, por exemplo, é preciso pensar novamente nas implicações das dosagens do material.
Vale lembrar que as propriedades que são avaliadas nos ensaios são: consistência, tempo de aplicação, resistência à compressão (em um mínimo de três corpos de prova, ou seja, se suporta três vezes o peso) e o comportamento à tração. A durabilidade, por sua vez, é quase um positivo efeito colateral por causa dos materiais da composição.
Normalização e normatização do UHPC será debatido mais cinco vezes em 2024
Em meio à evolução do desenvolvimento das normas, ainda há de priorizar alguns testes. “Tem dois importantes ensaios para fazer: um de quatro pontos e outro de três pontos. O que muda são as dimensões, visto que as fibras são muito pequenas. [Do jeito que está no momento,] daria para utilizar a norma de concreto reforçado por fibras, então por isso temos algumas particularidades”, disse Renata, explicando o motivo de ser tão importante normatizar o UHPC, de modo que sua utilização não seja confundida ao de outro material.
Até o final do ano, ainda haverá mais cinco reuniões da Comissão de Estruturas do UHPC, que é onde o futuro e as normas de utilização dos Ultra High Performance Concrete são definidas.
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