Uma das principais preocupações de segurança com uma obra está relacionada com o risco de incêndios, que podem trazer grandes prejuízos materiais e até mesmo colocar a integridade física e a vida de seus ocupantes em perigo.
O assunto foi um dos muitos conteúdos que foram debatidos no Concrete Show 2023. A responsável pela apresentação sobre o tema foi a engenheira Veridiana Zanardi, Business Developer da Fischer Brasil.
Siga conosco para conferir o que a especialista compartilhou sobre formas de realizar a proteção passiva contra incêndios desde a concepção do projeto!
Por que é importante considerar a proteção passiva contra incêndios desde a concepção do projeto?
Veridiana Zanardi: “Isso é realmente um ponto muito importante, pois o projeto é o planejamento da obra. Infelizmente em nosso país ainda gasta-se mais tempo executando do que planejando, e ainda vemos obras por aí andando lado a lado com o projeto, e até muitas vezes a obra indo na frente do projeto.
Quanto mais os projetistas pensarem sobre o incêndio e planejarem melhor as instalações dos sistemas, a obra será executada de uma forma muito mais eficiente, eliminando ou diminuindo os problemas de shafts superlotados de tubos, ou de cabos, fachadas com estruturas de caixilho que não se alinham com as lajes ou ainda não preveem um shadowbox, o que dificulta muito a instalação correta de um sistema de proteção passiva.
Isso encarece a mão de obra pela dificuldade na instalação e aumenta a quantidade de produto a ser adquirida onerando todo o sistema.”
Quais são os princípios básicos da proteção passiva contra incêndios que devem ser considerados durante o planejamento do projeto?
Veridiana Zanardi: “O princípio básico da proteção passiva é conter principalmente gases tóxicos e fumaça, pois a fumaça densa e quente do incêndio causam o maior pânico nas pessoas na situação que já é caótica, e os gases tóxicos contribuem para a intoxicação, que é o real motivos dos óbitos quando ocorre esse tipo de sinistro. Compartimentar, confinar, gases, fumaça e as chamas em um único local, vai proteger as rotas de fuga e dará condições mais favoráveis para que as pessoas possam evacuar as edificações com o mínimo de coordenação e segurança.
Por isso, elaborar um projeto de proteção passiva completo, seguindo as normativas vigentes indicando as proteções em todas as tubulações que atravessem as lajes, como as normas indicam (NBR15575 – Norma de Desempenho e NBR16944 Selagens resistentes ao fogo em elementos de compartimentação), não somente nas prumadas de elétrica e hidráulica e proteção nos shafts, mas também nas fachadas de pele de vidro.
Isso garante a sobrevivência das pessoas, e um combate ao incêndio muito mais pontual e eficiente.”
Quais são as tecnologias e sistemas avançados que podem ser integrados ao projeto desde o início para aumentar a proteção passiva contra incêndios?
Veridiana Zanardi: “Todos os sistemas de proteção passiva podem e devem ser integrados aos projetos desde o início, assim como hoje já temos os projetos de incêndio que contemplam a proteção ativa, uma vez que esse tipo de proteção já está há tanto tempo no mercado que ninguém hoje imagina em conceber um projeto de um edifício, por exemplo, sem hidrantes e extintores de incêndio.
Mas concebem projetos sem prever a proteção das tubulações plásticas, sem a proteção dos shafts das obras, sem proteção das fachadas de pele de vidro.
Por isso é um tema que sempre estamos levando para o mercado, para que cada dia mais cada um dos setores envolvidos nas construções estejam cientes de suas responsabilidades, cientes do papel importante que desempenham perante a sociedade, e naturalizem esse tema assim como é a proteção ativa.
Já existem sistema pré-concretados para shafts, sistemas de proteção em fachada do tipo ventiladas, mas quando isso não é planejado no projeto, inviabiliza tecnicamente e financeiramente sua utilização.”
Quais são os benefícios econômicos e de segurança de planejar a proteção passiva contra incêndios desde a concepção do projeto?
Veridiana Zanardi: “Os principais benefícios econômicos em se planejar quanto ao uso da proteção passiva é de que, ao executar as lajes e as instalações, se programam com antecedência em adquirir os sistemas, alguns deles se instalados conforme a obra avança.
É o caso das fitas intumescentes em tubos que são concretados, e ficam extremamente mais baratos do que se instalados após a concretagem, quando perde-se o acesso e se é obrigado a utilizar sistemas mais caros, como os colares intumescentes.
Tudo que é planejado é melhor executado, porque a execução terá tempo de entender o que é pedido e se programa melhor para instalar os sistemas corretamente, o que por consequência criar uma obra mais segura, que atenda às legislações vigentes e que entregue um produto para o usuário com muito mais qualidade.”
Para continuar aprendendo, leia também nosso artigo sobre acessibilidade em prédios: construção e adaptação para a inclusão!