Especialistas do setor participam do Concrete Show Xperience e avaliam a evolução da técnica, que é ideal para empreendimentos com alta repetitividade, necessidade de padronização e rapidez na construção
A industrialização da construção civil é estratégica para o avanço do setor no país, em especial, no que diz respeito a um dos problemas mais crônicos: a produtividade no canteiro de obras. O sistema construtivo de paredes de concreto moldadas in loco já é estabelecido no Brasil como a solução mais adequada para empreendimentos que tenham alta repetitividade, necessidade de padronização e rapidez na construção. Agora, esse método de construção popular para casas e prédios de até quatro pavimentos é expandido aos projetos de edifícios mais altos.
O Concrete Show Xperience, evento virtual para a cadeia produtiva de construção em concreto, abordou o assunto com o painel de discussão que contou com o diretor da Wendler Projetos e Sistemas Estruturais, Arnoldo Wendler, o diretor Comercial da Forsa, Marcos Palanca e o diretor executivo de Engenharia da HM Engenharia, Leandro de Castro Melo. A moderação do painel ficou com o gerente de Edificações da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Rubens Monge.
Wendler comentou sobre os elementos que compõem o sistema construtivo e a evolução desde a primeira diretriz de avaliação técnica até a normalização com a NBR- 16.055 (Parede de concreto moldada no local para a construção de edificações – Requisitos e procedimentos), criada em 2012. Ele explicou que a NBR-16.055 está atualmente em processo de revisão e será atualizada com parâmetros para atender edifícios altos. Segundo o projetista, são considerados edifícios altos, em geral, empreendimentos com 20 pavimentos ou mais, estreitos e com poucas paredes.
Entre as alterações no texto da norma, de acordo com Wendler, está prevista a mudança para 18 cm ou mais no limite estabelecido para que as paredes sejam armadas com duas telas, na especificação atual esse número é de 15 cm. “Isso deve viabilizar economicamente a construção de prédios com telas centradas com cerca de 35 pavimentos, porém isso é variável e depende de cada projeto”.
Outra mudança antecipada pelo projetista é em relação ao concreto utilizado para o preenchimento das fôrmas para paredes de concreto. “Na nova revisão da norma, será obrigatório fazer a caracterização do concreto antes do início da obra. A construtora e a concreteira devem desenvolver um traço para a obra e fazerem todos os ensaios. Tudo isso para garantir a qualidade do concreto”, disse.
Um dos elementos fundamentais para o sistema de paredes de concreto são as formas removíveis utilizadas para a concretagem. Palanca destacou a experiência da Forsa – empresa de origem colombiana especializada em formas de alumínio – no fornecimento de sistemas de formas mano portáteis, ou seja, toda a montagem manual, plataformas externas e sistemas de formas trepantes para edifícios altos na América Latina. “São mais de 5 milhões de habitações construídas com os sistemas da Forsa em todo o mundo”, disse o diretor comercial da empresa.
Ele também ressaltou a evolução do sistema de segurança que acompanha as formas e apontou como desafios atuais – que devem ser superados para o uso das paredes de concreto – a verticalização (com a construção de edifícios dentro da região urbana que resultam em terrenos com pouco espaço), os prazos de execução das obras, que estão cada vez mais curtos e a necessidade de melhorar os acabamentos nas fachadas.
Já o diretor executivo de Engenharia da HM Engenharia falou sobre a trajetória da empresa, que começou a atuar no ano passado com o sistema de paredes de concreto para prédios altos. Ele avaliou que a principal vantagem desta técnica construtiva é a velocidade de execução, o que impacta diretamente na redução de custos e na garantia de cumprimento de prazos. “O tempo para executar as instalações elétricas foi reduzido pela metade. Em dez dias temos um prédio pronto com 5 andares e com 20 apartamentos, faltando apenas a parte do acabamento. Outro ponto é a redução na geração de resíduos, que chega até a 50% em comparação com alvenaria estrutural”, afirmou Melo.
No sentido de próximos desafios para as construtoras que utilizam o sistema de paredes de concreto, Melo aponta que é a fase de acabamento na construção. “Precisamos de mais opções eficientes, que consigam acompanhar o ritmo que conseguimos imprimir na fase de execução da estrutura com esse sistema construtivo. O acabamento ainda possui muitos serviços artesanais.”, finalizou.
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