Apesar do avanço do uso do Pavimento Urbano de Concreto (PUC) em vias públicas no Brasil, engenheiros e projetistas ainda debatem as melhores formas de aproveitamento desse material para obter uma maior fluidez do tráfego nas cidades, extraindo o máximo da durabilidade, segurança e baixo impacto ambiental do material.

Pensando nisso, o engenheiro Eduardo Tartuce, sócio da Mix Design, preparou um painel chamado “Desmistificando o Uso de Macrofibra em Pavimentos de Concreto”, apresentado durante o Concrete Show 2024, principal evento de inovações e soluções para o mercado da construção da América Latina, realizado neste mês de agosto em São Paulo.

O PUC tem ganhado destaque em projetos ao redor do mundo. Aqui no Brasil, cidades como Porto Alegre e São Paulo já adotaram o material para corredores de ônibus, garantindo maior durabilidade diante do tráfego pesado, e em Salvador a aplicação do pavimento de concreto em avenidas principais tem proporcionado uma redução significativa nos custos de manutenção.

O especialista apresentou as possibilidades de concretização com microfibras e macrofibras, com seus diversos tipos e características, e explicou que algumas limitações atribuídas ao PUC não passam de mito.

“As macrofibras possuem uma área de superfície otimizada, adequada para transferir tensões de tração através de fissuras no concreto endurecido. Assim que ocorrer uma fissura pequena, a tensão do concreto só se transfere por massa, e não pelo ar. Por isso, a fibra faz uma ponte entre um lado e outro da fissura, transferindo a carga. Ela dá o que chamamos de reforço tridimensional, tanto de cargas negativas como positivas, o que promove um alívio significativo das tensões internas e forças de tração. Em suma, o concreto deforma, mas não quebra”, afirmou Eduardo Tartuce.

Estudos mostram afinidade entre PUC e macrofibra sintética

A Mix Design tem 30 anos de experiência no mercado de técnicas e tecnologias em concreto, e conta com um laboratório próprio para realizar ensaios físicos e mecânicos sobre o material, além de oferecer serviços em projetos de pavimentação flexível, análise de traço de concreto, medições e especificações. O sócio da empresa, Eduardo Tartuce, explicou os resultados dos estudos mais recentes.

“Existe um mito de que o concreto com fibra não pode ser bombeado. Na verdade, a única alteração a ser feita nesses casos é que a macrofibra seja flexível, o que auxilia no acabamento. Basta retirar as grelhas comumente utilizadas no bombeamento e colocar uma grelha redonda, para que a fibra escorregue. Mais nada, é a mesma bomba. É só conhecer a fibra e o concreto que você está utilizando”, completou o sócio da Mix Design.

O engenheiro ainda falou sobre as vantagens da macrofibra sintética, que é mais leve, mais resistente à corrosão e não conduz eletricidade, o que a torna ideal para uma vários tipos de ambientes. Além disso, sua flexibilidade facilita o trabalho durante o bombeamento e aplicação do concreto, como destacou Tartuce.

“Hoje, os pavimentos usam a macrofibra sintética, mas ela deve ser álcali resistente, conforme estabelecem as normas dos Estados Unidos, da Europa e aqui no Brasil também. Isso acontece porque a história das fibras sintéticas começou pela indústria têxtil, quando começaram a ser fabricadas as primeiras roupas à prova de bala. Por resultar num material extremamente rígido, os pesquisadores tentaram colocá-la no concreto, mas aí não tinha durabilidade, porque o pH do concreto corroía a fibra”.