O “Impacto da Inteligência Artificial na Eficiência Operacional e na Inovação da Indústria da Construção” foi um tema debatido no Concrete Show 2024, demonstrando que profissionais e empresas precisam se adaptar às novas tecnologias. Eduardo Cavalcanti, sócio-proprietário na bisnis HUB; Mauricio Nichterwitz, sócio na Deloitte; Sergio Salles, associate founder na Generativo; e o moderador Vitor Souza, head of customer success na Distrito, foram os profissionais que debateram o assunto.
Os painelistas, em consenso, disseram que os dados são a nova moeda do mercado de engenharia e que a questão é sobre as pessoas aprenderem a gerir com essas informações, visto que tais dados são a chave para poder trabalhar com a inteligência artificial. “É uma moeda que tem que ser totalmente estruturada, se não vai trazer uma informação não consistente e vai matar a inteligência artificial de toda obra”, ressaltou Sergio.
Além disso, o especialista ressaltou que parte importante desse processo é unir a inteligência artificial à modelagem BIM. Segundo Sergio, já existem soluções que integram tal modelagem com inteligência artificial, possibilitando a aplicação em diferentes fases de planejamento e aumentando, deste modo, a previsibilidade de todo processo de construção. Para isso, entretanto, é necessário que os dados estejam totalmente corretos, possibilitando automatizar várias etapas desse planejamento.
Copilotos e outras ferramentas
Outro ponto debatido foi sobre a utilização de copilotos, sistemas de I.A. que assistem profissionais na execução de suas tarefas, fornecendo recomendações, insights ou automatizando processos. “É importante começar a treinar copilotos para pequenos processos, para que aprenda como treiná-los e depois pluga um copiloto em outro copiloto e começa a ter várias automações. A gente usa o copiloto para planejamento e acompanhamento da obra. Muitas empresas ainda tem o trabalho manual… quando fazem [esse trabalho]”, disse Eduardo.
Assim, quando o projeto sai do papel e começa a ser trabalhado através de uma inteligência artificial, é possível ter outros reports e insights, com a capacidade do copiloto poder enxergar além do que está na frente do profissional. Além disso, com a coleta de dados em tempo real e gerando esses relatórios através dessa documentação, tais insights auxiliam na tomada de decisão estratégicas.
Um exemplo dado para trabalhar com inteligências artificiais foi começar pelas coisas simples, utilizando no dia a dia, como substituir pesquisas no Google por interação com ChatGPT ou Gemini, aperfeiçoando os prompts de comandos com o passar do tempo. Para isso, basta fazer perguntas como se estivesse conversando com outra pessoa e, de acordo com a resposta obtida, vai lapidando através de perguntas mais assertivas.
Além disso, é possível conversar com o ChatGPT, o que pode ser muito útil para gerar insights, auxiliar no planejamento e até mesmo começar a pensar em estruturas a partir dessa troca de informações.
“Não preciso perder horas escrevendo cronogramas generativos [por exemplo]. Com inteligência artificial, esse planejamento é sensacional. Ainda não vejo uma IA entender todos elementos, mas mesmo assim vamos ter algo muito mais rápido. Junto a isso, é importante frisar a importância de ter um profissional técnico operando. Ninguém vai perder vaga para um robô, mas é imprescindível ter um profissional habilitado que tem um feeling humano que uma máquina não tem… ainda”, explicou Maurício.
Adaptação às tecnologias e à inteligência artificial
Para automatizar um processo, inicialmente tem que conhecer e entender o que é feito pelo humano; depois disso será possível ver o que pode ser realizado pela IA. Todos os processos que são repetidos, por exemplo, podem vir a ser automatizados, seja por IA ou através da própria robotização. Para ter sucesso, de acordo com os especialistas, precisa ter processo, pessoas, tecnologia e cultura, porque sem cultura para sustentar o trabalho não dá certo e, muitas vezes, querer ir direto para tecnologia não é o ideal. Desta forma, o profissional que compreender esse novo momento tende a sair com vantagem em sua ascensão profissional, visto que esses serão os mais procurados pelo mercado para as funções que exijam conhecimentos com IA.
E não só os profissionais que vão precisar se adaptar para trabalhar com inteligência artificial, mas também as próprias empresas que, segundo os painelistas, não estão prontas para essa mudança de paradigma.
“Os segmentos mais tradicionais estão com mais dificuldades em aterrissar nesses pontos que estão sendo falados. Acredito que a primeira construtora que conseguir colocar IA no seu processo vai sair na frente, pegar uma grande fatia do mercado. A gente tem uma data cabalística e, quem não chegar em 2030 colocando IA no seu dia a dia e no seu produto, vai virar uma blockbusters. Tem esse desafio das lideranças que não conseguem enxergar esse letramento muito necessário pro time e gestão”, explicou Vitor.
Nessa mistura de adaptação de mercado e profissionais, é necessário a realização de investimento e capacitação, pois quem não acompanha as tendências tecnológicas tende a ser “engolido” por quem busca se adaptar. Para isso, é preciso mudar a cultura de tentar sair ganhando no primeiro mês de negócio, entendendo que os lucros de qualquer empresa vêm no futuro – um ciclo para qualquer setor e que necessita de maturação.
Eduardo ressaltou que empresas e profissionais devem se preparar para o futuro e exemplificou um pouco sobre como isso pode ser feito: “Para me comunicar com uma IA, preciso saber como me comunicar com ela. É o primeiro ponto de falha de uma pessoa que começa e desiste – não saber como se comunicar. Hoje os principais profissionais para trabalhar com dados em IA são os da engenharia”.
Por fim, além de tratar a inteligência artificial como se fosse uma pessoa, facilitando tal comunicação, é necessário entender como elas funcionam, dominar as artes de estruturas prompts, mas nada muito avançado. Passada essa fase, é necessário enxergar as tecnologias do mercado, especialmente as que resolvem problemas com apenas um pouco de ajuste. “Se resolver sua dor, vai resolver a dor no mercado”, finalizou a mesa.
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