A partir de 1° de janeiro 2021, com a entrada em vigor do decreto n° 10.306, BIM Mandate, fica determinado que o BIM deve ser usado na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia de obras públicas federais. Desta forma, “pode ser que alguns associados que forneçam equipamentos para empresas que atuam na execução de obras de infraestrutura e/ou no setor público exijam que determinados serviços, como projetos, sejam desenvolvidos com a metodologia BIM.”, explica o engenheiro Jefferson Carlos da Silva.

O decreto n° 10.306, de forma resumida, diz que: a partir de 1º de janeiro de 2024, o BIM deverá ser utilizado na execução direta ou indireta de projetos de arquitetura e engenharia e na gestão de obras. Já a partir de 1º de janeiro de 2028, o BIM deverá ser utilizado no desenvolvimento de projetos de arquitetura e engenharia e na gestão de obras.

ABRASFE cria Comitê BIM

Devido a ser um assunto, de certa forma, “novo, complexo e extenso”, a ABRASFE, decidiu, depois de algumas reuniões do Comitê de Engenharia, atmosfera na qual o assunto foi abordado diversas vezes, pela criação de um comitê exclusivo de estudo sobre o tema BIM. “A ideia é de que possamos compartilhar experiências e informações relevantes para o crescimento dos associados como um todo, pois sabemos que a metodologia veio para ficar.”, avaliou o engenheiro representante da entidade, Jefferson Silva.

O comitê é formado por associados, entre os quais alguns já estão familiarizados à metodologia e outros, ainda, em processo de iniciação. A primeira reunião do Comitê BIM aconteceu no dia 23 de março deste ano.

O que é o BIM?

BIM significa building information modeling ou modelagem da informação da construção, assim como o CAD, ele é uma “metodologia”. Seu diferencial reside no fato das áreas de Arquitetura, Engenharia e Construção terem suas informações organizadas e integradas de forma inteligente, compondo um único projeto de edificação.

A tecnologia BIM permite a criação digital de modelos virtuais precisos em um projeto de construção, desde a sua concepção, passando pelo projeto e execução, até chegar na operação e manutenção de um empreendimento, tudo isso, envolvendo os profissionais de arquitetura, engenharia e construção que trabalham de forma colaborativa nos projetos. Ao utilizar a metodologia BIM, a empresa responsável pela obra poderá realizar a construção virtual completa de uma edificação, reunindo de forma inteligente e integrada todas as informações utilizadas ao longo do ciclo de vida da obra.

Onde surgiu

O BIM surgiu em 1974, quando o professor Charles M. Eastman criou o conceito de BDS, Building Description System, que seria um sistema para melhorar os pontos fortes de um projeto de construção e reduzir suas fraquezas, fato que abriu as portas para um olhar diferente sobre esta prática. Em 1992, Eastman, G.A. van Nederveen e F.P. Tolman publicaram um artigo que abordava as múltiplas visões acerca da modelagem da construção, sendo o primeiro uso do termo Modelling Building Information, o qual evoluiu até os dias de hoje como BIM. Assim, iniciou-se uma mudança nos paradigmas de tratamento do aspecto de um projeto de maneira integrada.

Não é software

O BIM precisa ser executado através de um software, pois seu conceito visa gerenciar de forma digital todas as informações relacionadas a uma edificação, gerando geometria e dados precisos aos profissionais. Porém, a metodologia não se trata de um software específico, e sim um modo de trabalho moderno e colaborativo, o que possibilita maior eficiência em comparação aos métodos tradicionais, proporcionando maior assertividade no momento da análise e controle dos projetos. A metodologia BIM engloba todas as áreas relacionadas a uma construção e cada uma delas possui seus softwares específicos que podem ou não ser compatíveis com o BIM.

Desafios da metodologia BIM:

  • Interoperabilidade: é o que permite que softwares de diferentes fabricantes possam “conversar” entre si usando uma linguagem comum e aberta.

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  • Existem algumas dificuldades nesse sentido: pois alguns softwares não se conversam, o que dificulta o funcionamento e operação da metodologia.
  • A mão de obra para trabalho nessa metodologia: ainda é incipiente o número de profissionais que domina o assunto.
  • O trabalho em equipe: nessa metodologia o trabalho em grupo é fundamental, e por vezes podem surgir dificuldades nesse sentido.
  • Tempo para formação de profissionais: nos últimos anos com o aumento do volume de trabalho, todos estão sem “tempo” para se dedicar aos estudos da metodologia. Pesquisas apontam que para que um profissional esteja apto a desenvolver a metodologia deve ter o domínio de 3 a 4 softwares correlatos, para tanto deve se dedicar de 6 a 7 meses de estudos.

Sobre os Benefícios do BIM:

  • Projetos mais eficientes, rápidos, precisos e assertivos.
  • Minimização de processos de retrabalho e maior agilidade.
  • Redução de improvisos, sendo mais precisa a especificação dos materiais.
  • Confiabilidade das informações.
  • Elevação da transparência nas obras, principalmente, em órgãos públicos.
  • O BIM tem em seu “DNA” o gene de uma ferramenta anticorrupção.

Junto ao seu corpo associativo, a ABRASFE pretende, através do Comitê BIM, interagir e interligar as empresas e suas experiências em um ambiente de crescimento e engajamento para a implementação nos projetos, de forma a elevar a competitividade das empresas, bem como a excelência nos trabalhos em execução.