As mudanças climáticas, o risco de escassez de recursos naturais e o desafio da humanização das relações de trabalho podem ser consideradas as maiores ameaças atuais à sobrevivência da humanidade. Neste contexto, uma sigla tem ganhado status de prioridade nas agendas corporativas no mundo todo: a ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança). A valorização de práticas sustentáveis e estratégias de ESG são políticas cada vez mais globais e muitas vezes condicionantes para a definição de relações e parcerias comerciais.
No setor da construção civil, o compromisso das construtoras com o meio ambiente já pode ser observado nos últimos anos. Em comunicado recente, a construtora MRV ressaltou que intensificou os investimentos nos pilares ESG, que são metas permanentes desde 2015. Em 2020, a empresa destinou mais de R$ 5 milhões para o plantio de árvores, o que representa 160 mil mudas espalhadas por todo o país. O plantio ocorreu com finalidades diversas, desde paisagismo até a recomposição de áreas de preservação ambiental.
A Tarjab Construtora e Incorporadora é outro exemplo. O diretor técnico da empresa, Sérgio Domingues, destaca que faz parte do DNA da construtora erguer imóveis valorizando o meio ambiente, com a racionalização da utilização dos recursos naturais. Para ele, todo o ciclo de construção pode ser determinado pelas decisões tomadas na fase de criação do projeto e, por isso, é mais efetivo que as demandas em relação à sustentabilidade sejam incluídas já neste momento inicial.
“Uma ferramenta muito útil são as simulações virtuais das edificações, realizadas por meio do BIM (Building Information Modeling), que contribuem para definir as diretrizes do projeto antecipadamente. É possível, por exemplo, na concepção da arquitetura do empreendimento, simular o sombreamento nas fachadas e o uso de ventilação e iluminação natural para um conforto térmico ideal dentro da unidade, o que irá impactar diretamente no uso do sistema de climatização”, diz Domingues.
Já na fase de construção, ele ressalta algumas práticas que mantém a sustentabilidade como uma meta. Entre elas: a utilização de água de reuso para atividades de limpeza; a coleta seletiva e a destinação correta dos resíduos; a preferência por sistemas construtivos mais industrializados, que geram menos resíduos durante a obra, e a utilização de tapumes construídos com materiais 100% recicláveis que são reutilizados em outras obras.
Habitações sustentáveis de interesse social
A multiplicação dos edifícios sustentáveis é um ganho também na missão de superar o grande déficit habitacional brasileiro com construções que não causam um impacto ambiental ainda maior. O crescimento da população brasileira e a formação de novas famílias devem gerar uma demanda para mais 30,7 milhões de novos domicílios até 2030, segundo estudo da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
A boa notícia nesta direção é que as práticas de sustentabilidade não estão restritas aos empreendimentos de alto padrão. A Tarjab Construtora e Incorporadora está construindo o primeiro edifício residencial com o selo verde AQUA-HQE Habitação Social Sustentável, concedido pela Fundação Vanzolini da USP e pelo Cerway International. O edifício Amadis, localizado na cidade de São Paulo (SP), é elegível ao programa habitacional Minha Casa Minha Vida (ou Casa Verde e Amarela, nome do programa que está, atualmente, sendo substituído pelo Governo Federal).
“Por meio de certificações ambientais, conseguimos garantir a avaliação e ter atestado que estamos cumprindo normas técnicas e referenciais de sustentabilidade consagradas, como é o caso da certificação AQUA-HQE. Acreditamos que as construções sustentáveis têm maior vida útil, redução do custo de manutenção e maior valorização do empreendimento”, diz o diretor técnico da Tarjab Construtora e Incorporadora.
Brasil ocupa o 4º lugar no ranking mundial de certificações LEED
De acordo com o US Green Building Council (USGBC), o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking mundial de construções sustentáveis, certificadas pela ferramenta internacional Leadership in Energy and Environmental Design (LEED). O Brasil tem mais de 530 projetos certificados pelo LEED em 2018, totalizando mais de 16,74 milhões de m² brutos de espaço certificado. Nas primeiras posições estão a China, o Canadá e a Índia, respectivamente.
A lista reconhece os mercados que estão usando o LEED para criar espaços mais saudáveis para as pessoas, além de usar menos energia e água, reduzir as emissões de carbono e economizar recursos financeiros para famílias e empresas. O sistema internacional LEED é utilizado em mais de 160 países. O ranking não considera os Estados Unidos, porque o país é considerado o berço da certificação e registra a marca de 33.632 construções sustentáveis.
Com informações:
Abrainc
Green Building Council Brasil
MRV