O Concrete Show Xperience, evento virtual para a cadeia produtiva de construção em concreto, trouxe ao público a experiência chilena de um renomado especialista, que explorou a utilização do Whitetopping e suas possibilidades de aplicação em pavimentos brasileiros.  

O convidado foi Maurício Salgado Torres, sócio-diretor da GesPaP Ingenieria & Certificación e Gesinfra Consultores e gerente de Assuntos de Infraestrutura e Pavimentos do Instituto del Cemento y del Hormigón de Chile (ICH). “Antes de mais nada, vamos à definição do que é o Whitetopping: são estruturas de concreto que se colocam sobre pavimentos existentes, que apresentam algum grau de deterioração ou desgaste superficial e que permitem melhorar as condições estruturais de uma plataforma de concreto, asfalto ou de materiais compostos, estendendo o ciclo de vida da estrutura”, detalhou. 

Na visão de Torres, a técnica de Whitetopping é uma alternativa atrativa de reabilitação de pavimentos, pela agilidade e menor custo de execução. Ele usou o case da rodovia 24, no Uruguai, para justificar a afirmação. “Ao optar por Whitetopping, permitiu-se que a rodovia ganhasse um maior tráfego de caminhões pesados, pois é uma solução que apresenta menor grau de deformação. Além disso, os primeiros 22 quilômetros da rodovia custaram US$ 9 milhões, 11% a menos que o estimado com a opção de mistura asfáltica mais barata.  

Torres citou também vários exemplos de aplicação de Whitetopping para a reabilitação de estruturas na Guatemala, Costa Rica, Chile, Uruguai, evidenciando as vantagens em termos de rapidez e resultados em redução na demanda de manutenção e na longevidade da intervenção em termos de resistência. “O Whitetopping é uma solução rentável e evita que, ao final do ciclo de vida do pavimento, seja necessária uma intervenção radical e custosa. Além disso, são pavimentos nobres e de fácil manutenção”, finalizou. 

Estado da arte do pavimento de concreto 

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Outro destaque internacional do Concrete Show Xperience foi o engenheiro civil colombiano Diego Jaramillo Porto, que é diretor de Pavimentos e Infraestrutura da Federación Iberoamericana del Hormigón Premezclado (FIHP). Porto apresentou uma palestra sobre o estado da arte do pavimento de concreto na América Latina abordando as vantagens e alguns mitos sobre o uso desta tecnologia, além de experiências de países vizinhos do Brasil.  

“A única forma de melhorar a condição atual das estradas é projetar, construir e operar com qualidade e durabilidade. E o pavimento de concreto possui todas as características de qualidade, desempenho, preço e durabilidade para atingir esse objetivo”, disse o engenheiro civil. Ele apontou que em alguns países da América Latina, incluindo o Brasil, a qualidade das vias e estradas é muito baixa. No ranking de competitividade entre países apresentado pelo Global Competitiveness Report 2019 do World Economic Forum,  o Brasil está na posição 116º posição no quesito de qualidade das rodovias. Outros países que também estão em posições parecidas são a Colômbia (104º), Paraguai (126º) e Peru (110º). 

Entre os mitos sobre o uso da tecnologia, segundo Porto, está a ideia que o pavimento de concreto não é muito utilizado com frequência. Um exemplo disso é a cidade de Barranquilla, na Colômbia, que possui mais de 80% das vias em pavimentos de concreto. “O maior mito é o custo. É muito comum ouvir que o pavimento de concreto é mais caro, porém já é uma realidade na América Latina que o custo inicial do projeto já é menor ou igual ao pavimento flexível (asfalto). E na análise de custos em relação ao ciclo de vida, o pavimento de concreto sempre apresentará um valor mais vantajoso”, ressaltou Porto. 

Ainda em relação ao cenário da América Latina, o engenheiro civil comentou que há diversas possibilidades do uso de concreto com valor agregado nos pavimentos. “Com algumas alterações na dosagem são obtidos concretos com características e desempenhos especiais feitos sob medida. Esses concretos também contribuem na estética dos pavimentos de concreto.”, disse Porto. Ele citou como exemplos, concretos coloridos, autoadensáveis, permeáveis, UHP (Ultra High Performance Concrete) e luminescentes.  

O último ponto ressaltado na palestra foi o impacto ambiental do pavimento de concreto. Para Porto a maior contribuição destes pavimentos para a questão da sustentabilidade é a durabilidade (ciclo de vida), porque o pavimento de concreto pode durar mais de 80 anos, evitando a reconstrução contínua, o que reduz consideravelmente os impactos ambientais e as emissões de gases na atmosfera. Ele também apresentou um estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT) que apontou  a redução do consumo de combustível nos veículos que circulam em vias com pavimentos de concreto.   

Porto explicou que as deflexões promovidas por veículos no pavimento asfáltico são maiores o que  exige mais potência dos motores e, consequentemente, o aumento no consumo de combustível. Já a característica estrutural do pavimento de concreto (rígido) promove menos deflexões e um consumo de combustível até 15% menor na comparação.  

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