A verticalização das cidades é uma realidade cada vez mais presente mesmo longe das grandes metrópoles, e o mercado do concreto caminha junto com a construção civil para erguer edifícios altos e que sejam símbolo da modernidade. Nesse sentido, a parede de concreto se destaca pela robustez e versatilidade, como mostrou o renomado engenheiro civil Ary Fonseca Jr. durante Congresso ABESC Paredes de Concreto para edifícios altos no Concrete Show 2024.
Sócio da Signo Engenharia e coordenador da Núclio Parede de Concreto, o especialista mediou um painel durante o no Congresso Construindo Conhecimento para explicar o momento atual das paredes de concreto, técnica que ele considera perfeita não apenas para empreendimentos imobiliários, mas também para a industrialização do país.
Segundo Ary Fonseca, as vantagens vão além da necessária estabilidade e segurança dos arranha-céus, mas esse modelo de construção também impacta em questões como o isolamento térmico e acústico, e principalmente na precisão dos cálculos e no controle do ambiente e das etapas de uma construção.
“Em obras na indústria, você simplesmente não pode errar. A medida é o milímetro. Felizmente, o modelo das paredes de concreto permite que o engenheiro utilize sistemas industriais no processo, o que melhora a previsibilidade das etapas da obra. Eu digo sem medo de errar que esse é hoje um sistema consolidado no Brasil, usado em todos os estados, com uma cadeia de fornecedores absolutamente preparada, do concreto ao projetista, e cada um buscando ocupar seu espaço nesse ambiente crescente”, afirmou o engenheiro.
Demanda só cresce, mas produtores de concreto estão preparados
Este ambiente crescente citado pelo engenheiro civil Ary Fonseca Jr. também se traduz em números. Ainda assim, como o especialista afirmou no painel do Concrete Show, o mercado brasileiro de concreto está preparado para suprir a demanda cada vez mais alta do material e também de formas de alumínio.
“Em 2024, a previsão de utilização de concreto para paredes em prédios altos é de 5 milhões de m², o que representa 20% de todo o concreto gerado pelas concreteiras no país, e isso ainda inclui pontes e obras de infraestrutura no geral. Além disso, devem ser usados 150 mil m² de formas de alumínio este ano. A primeira obra desse tipo que eu acompanhei usava formas de plástico importadas, para se ter uma ideia. Hoje temos fabricantes nacionais de formas de alumínio. É uma cadeia estratégica nacional absolutamente preparada”, afirmou o sócio da Signo Engenharia.
Ary Fonseca Jr. ainda falou sobre o conceito de Engenharia Integrada, que segundo ele deveria ser a meta para “acabar com o improviso” no mercado brasileiro de construção civil. Para isso, o projeto precisa estar normatizado e compatibilizado, e a produção deve manter a disciplina, com consumo dos recursos certos na hora certa. O resultado será uma obra mais previsível, com redução de custos indiretos e um produto final de maior qualidade.
“Completamos recentemente 12 anos da norma técnica que regula as paredes de concreto, saímos da insegurança e desconhecimento, e hoje temos algumas verdades. Sou engenheiro por natureza e acredito muito na racionalização. Infelizmente ainda não nos desvinculamos do atropelo e improviso, algo que incomoda muito o setor da construção”, explicou o especialista.