A velha imagem de que um canteiro de obras é um local desorganizado e sujo já ficou para trás há muito tempo. Com os avanços na construção civil, seja de tecnologia ou da cultura dos gestores e funcionários, o cuidado com o canteiro é hoje uma das prioridades iniciais de qualquer empreendimento.
No Congresso Construindo Conhecimento, o ciclo de debates do Concrete Show 2024, o coordenador de Obras da Construtora União, Rafael Quintiliano, apresentou o painel “Canteiros Mais Inteligentes” com base no case do Evidence Jabotiana, condomínio erguido pela empresa em Aracaju em apenas seis meses. O especialista insistiu para que os profissionais do setor encarem o canteiro de obras como “o escritório do engenheiro”.
“Antes de partirmos para novas tecnologias, primeiro precisamos renovar a nossa cultura de obra. O canteiro é o nosso escritório, e por isso deve ter organização, limpeza, segurança e eficiência como qualquer outro ambiente de trabalho. Se houver essa mentalidade, qualquer pessoa que visitar o canteiro vai saber, porque desde o servente até o gestor estarão engajados nas mesmas metas”, explicou Rafael Quintiliano.
Segundo o especialista, essa abordagem é fundamental também para que a sustentabilidade seja uma prioridade nesses canteiros mais modernos. A reutilização de água, a gestão eficiente de resíduos e a adoção de energias renováveis, como a instalação de paineis solares para alimentar os equipamentos de obra, são práticas cada vez mais comuns, transformando o “canteiro inteligente” em “canteiro verde”, agregando valor ao projeto final.
“Canteiro inteligente” deve ser sustentável e tecnológico
Esse novo modelo de canteiros de obra envolve ainda a capacitação contínua dos trabalhadores. Com treinamentos regulares, é possível garantir que todos na obra compreendam as melhores práticas de segurança e eficiência, além de estarem atualizados sobre novas técnicas e ferramentas.
Para o coordenador de Obras da Construtora União, a implementação de sistemas modulares e a utilização de metodologias ágeis na gestão de projetos são exemplos de como é possível melhorar a organização e a fluidez das operações.“De início, muita gente pensa que o custo vai acabar sendo maior pelo fato de o concreto ser mais espesso, mas você já parou pra botar na ponta do lápis? Pense na qualidade da circulação pelo canteiro com o PUC. Ele reduz o dano causado nos caminhões e a quantidade de funcionários dedicados a um carrinho, por exemplo. O maior ativo da humanidade é o tempo, então se você reduz o tempo de mobilidade de um guindaste, que sejam dois minutos por dia, multiplique isso por seis meses de obra e a economia final ficará clara”, completou Rafael Quintiliano.
O especialista ainda destacou as vantagens tecnológicas dessa filosofia de trabalho. Equipamentos autônomos, como drones para monitoramento de obras e robôs de construção, já são realidade em projetos de grande escala, enquanto softwares de gestão de obra e dispositivos IoT fazem o monitoramento em tempo real, garantindo precisão nas etapas críticas.
“Organizamos o processo em pastas, como escritório, com agenda de compras e pacote de materiais, inclusive com lições aprendidas durante o processo, pensando na aprimoração constante. Isso evita o maior mal da obra, que é a falta de material. Cada fase tem um pacote, não adianta subir material todos os dias, e sim ter um cronograma do início ao fim da torre”, explicou o engenheiro.