O primeiro painel do “Seminário ABCIC – A Industrialização da Construção em Concreto – Soluções Sustentáveis para as Edificações” trouxe uma visão diferente de sustentabilidade: a de adaptar as malhas urbanas sem atrapalhar o fluxo da cidade, como terminais urbanos, shoppings, estacionamentos, entre outros tipos de construções.

Arquiteto e diretor na JLM Arquitetura, Jayme Lago Mestieri apresentou seus pontos durante o painel “A Arquitetura, a Industrialização da Construção e a Importância da Pré-Fabricação em Concreto”. Antes, entretanto, Íria Lícia, presidente executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), ressaltou: “Quando a gente fala de sustentabilidade, hoje é tratar na parte de viabilidade dos empreendimentos”.

Iniciando o painel, Jayme disse que o tema é dominante e que há uma tipologia de projetos de maior escala em públicos e privados, com a realidade do Brasil sendo oriunda da industrialização. Além disso, o arquiteto passou ao público presente a sua visão expandida sobre sustentabilidade, que agrega mais conceitos do que os convencionais.

Diminuição do impacto na adaptação da malha urbana

“Sustentabilidade a gente define muito pelo impacto que o projeto vai gerar. Eu vejo também como sustentabilidade ter que adaptar a malha urbana, ter que fazer uma produção maior energética. São coisas que não vão estar no projeto da matéria-prima, mas tem muito como diminuir o impacto [da obra]”, disse o arquiteto. 

Isso porque, de maneira indireta, uma obra de adaptação em grandes centros urbanos pode ter diferentes consequências, iniciando um efeito cascata que pode atingir diversos elos. No caso, os concretos pré-fabricados se conectam diretamente à sustentabilidade, visto que as peças chegam prontas aos locais da obra e impactam menos a infraestutura e fluxo da região do que ter a peça fabricada in loco, o que demandaria mais tempo e mão de obra gastos localmente.   

Um exemplo citado inicialmente foi a Feira da Madrugada da cidade de São Paulo, que utilizou pré-fabricados em sua adaptação. Após mudança de administração que aconteceu há cerca de uma década, também vieram obras de reestruturação. O primeiro traçado nesse projeto foi da malha de pilar, permitindo que os 350 ônibus que circulam no estacionamento abaixo continuassem suas rotas, também sem enfrentar resistência dos lojistas e prejudicar seus trabalhos.

“É um projeto muito maciço, então tivemos que trabalhar com arquitetura para conseguir fazer uma quebra dele. Essa obra conta com vários tipos de fechamento e apliques”, disse Jayme. De pré-fabricado, a reforma contou com rampas de escape para pedestre, rampas de carros em tesoura e quatro rampas largas também para pedestre, além das placas em concreto e placas metálicas.

Um outro exemplo citado foi a adaptação de um terminal rodoviário urbano, que não podia ter seu fluxo interrompido e nem impedir a chegada e saída dos passageiros. Para isso, o térreo passou apenas a ter circulação de transporte público, enquanto em uma nova plataforma superior os pedestres e passageiros poderiam circular, comprar seus bilhetes e também usufruir dos comércios que abriram para atender a nova demanda. 

Pré-fabricação em diferente obras

O concreto pré-fabricado também pode ser solução para obras mais sofisticadas e que estão ainda em fase inicial de desenvolvimento, como shoppings centers. “Na arquitetura, a gente recebe o projeto muito na fase inicial. Então tem muito de apoiar o cliente em sua ideia. E para nós entra a versatilidade”, explicou Jayme, sobre como um projeto mais prévio pode ajudar a diminuir impactos e gastos ao utilizar o pré-fabricado. 

No caso dos shoppings, muitos deles estão sendo projetados como open mall (que possui acesso fácil ao pedestre, sem precisar se preocupar muito com a área externa do prédio), buscando reduzir o impacto energético e abaixando também o valor do condomínio. Nesse caso, o terreno pode ser até 30% menor, implicando em menos gastos. 

Por fim, Jayme destacou: “Coloco como resumo que sempre vou considerar o concreto porque me ajuda muito nas mudanças e adaptações do projeto e na previsibilidade de valores. Mas cada vez que tiver mais na área soft e superfície usando concreto pré-fabricado, acho que vamos lucrar com isso”.

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