Não é segredo para ninguém que o ambiente do setor de construções é predominantemente masculino, com apenas uma minoria de mulheres ocupando cargos que vão desde o canteiro de obras até funções mais técnicas e de liderança. Apesar disso, dados do IBGE de 2022 indicam que nos últimos 20 anos houve um acréscimo de 120% de mulheres trabalhando no segmento. Entretanto, a diferença ainda é visível.

Durante a 14ª edição do Concrete Show, Camila Ribeiro, consultora de diversidade da Votorantim Cimentos, apresentou o painel “Mulheres na construção e diversidade – Votorantim: ESG e o Compromisso da Indústria Cimenteira 2030” e comentou um pouco sobre o que é feito na empresa para que a equidade fique cada vez mais próxima no setor.

“Nós vivemos em um país que ainda tem o costume de separar trabalho de homem e de mulher. A pessoa estando apta para atender aquela função, deveria estar ali”, explicou Camila. Segundo ela, a Votorantim trabalha no entendimento de que há um papel fundamental na promoção da diversidade e inclusão, bem como na luta pela igualdade de oportunidades. 

Para isso, se faz necessário um ambiente que reflita esses esforços e que tragam benefícios para as empresas, por meio da promoção de ideias diversificadas e inspiradoras, e que simultaneamente ajude a construir uma sociedade mais inclusiva e baseada na equidade. Como resultado desse posicionamento, a Votorantim lançou em 2019 o Manifesto pela Diversidade que é sustentado por quatro pilares: combate à descriminalização; respeito pelas pessoas; treinamento de liderança; e ambiente que oferece a todos a oportunidade de se expressar sem medo.

Uma medida que, em um primeiro momento, parece simples é o desenvolvimento de uniformes femininos. Como há diferenças nos moldes entre o corpo do homem e da mulher, o simples fato de ter uma roupa mais adequada às mulheres que trabalham em construção, as deixa mais confortáveis, aumentando assim até seu desempenho no serviço. Além disso, protege melhor o corpo da mulher e não o expõe como algumas peças masculinas poderiam fazer.

Entretanto, o maior diferencial da empresa é o programa Lidera VC, criado para o desenvolvimento de todas as mulheres em cargos de liderança dentro da companhia. Com ele, Camila crê “que a gente consiga olhar para o amanhã pensando em uma agenda diferente.

O programa busca fortalecer o pilar da diversidade e inclusão do setor da empresa, sendo uma das ações que impulsiona a estratégia chamada de Mulheres na VC. O objetivo é que, até 2030, no mínimo 30% dos cargos de liderança da Votorantim estejam ocupados por mulheres. O programa funciona com consultorias especializadas em inteligência de gênero, capacitando as mulheres em skills essenciais para a liderança. Assim, as participantes aumentam seus repertórios e são convidadas a criar espaços de apoio contínuo, além de ampliarem suas perspectivas sobre progressão de carreira.

Desde que foi criado, em 2020, foram mais de 250 mulheres impactadas. Em sua primeira edição, o programa buscou as mulheres em cargos de alta liderança, com os anos seguintes atingindo as de média e de primeira liderança. Agora, em 2023, são todas as novas líderes de organização que estão sendo impactadas. 

Para sair do campo teórico, Camila chamou ao palco três mulheres líderes que participaram do projeto: a coordenadora DTM (desenvolvimento técnico de mercado) Larissa Cabral e as líderes de filiais Patrícia Araújo e Gézica Machado. Após exemplificar em como o programa as auxiliaram a alcançar objetivos maiores em suas carreiras, todas comentaram sobre como lidar com o preconceito dentro do setor. Vale ressaltar que as três profissionais destacaram que dentro da Votorantim nunca passaram por situações desconfortáveis, mas sim em outras empresas – além da própria vida pessoal.

“Lidar com preconceito é precisar nos provar o tempo todo, aparecer para pessoas e mostrar nossa assertividades para provar que somos todos iguais. Após o Lidera VC fiquei mais confiante. A gente precisa entender que juntas somos mais fortes”, disse Patrícia. Gézica completou: “Eu tinha medos e incertezas e nessa troca de experiência a gente percebe que conseguimos, além de ajudar no engajamento com o time”.

Larissa seguiu pela mesma linha de raciocínio, ao dizer que “trazer a cultura que somos mulheres, estamos aí juntas e o Lidera VC trouxe benefícios na minha carreira pessoal e também na profissional. Acho que somente quando a gente consegue viabilizar esse diálogo conseguimos evoluir em relação a essa pauta”.